É inevitável.
Tudo é como tem que ser. A fuga em si é ação. Sofrer, em mim é repetição. Fardo esse que exala incoerência, parábola esquemática da existência. O caquético querer é, aqui, produto explorado sem conseguir com ele nada tecer. Repetição em loop sem fim.
Pensei nisso em um microssegundo do meu cosmos. E tudo é um ponto. Tudo tem seu final. E nele estávamos, tentando suprir o tal do desejo em função do prazer, indo em direção à orgasmagórica luz efêmera. E tudo efêmero é sorrateiro, passageiro em ônibus sem condutor. E a língua passando por tudo o que é mais sagrado, pelo teu estigma sagrado, sangrando em meu rosto sem pudor algum, e sou aquele momento exato do entregue, suou naquele instante o clítoris que me rege, orbitando-me em plena rotação atemporal.
Pensei isso enquanto me entregava por completo à ela. Passando por cima de todas as iniquidades, dos paradigmas, do peso da sinceridade. E ela pesa. Se soma à gravidade em movimento repetitivo da meteção. O que há de se molhar, há nele o querer. E querer é meter. E como aquilo faz de mim refém, não sei como explicar. É cheiro, é toque, é gosto, é paisagem dentro de um quarto, é o som do gemido tu estando de quatro
.
O toque brando e vermelho da sua pele era mais que o necessário para me convencer de que eu sempre estive errado em qualquer resolução contrária a não estar mais naquele lugar, naquela posição submissa de deixar claro a necessidade no outro, e é inevitável. Toda frase tem um ponto. Toda fase é um desafio, e o chefão sempre é a minha cabeça segmentada em fatias milimetricamente espiraladas. Eu, alquimista de minha matéria fétida. Eu, especialista em vórtices sazonais. Querendo ser escapista das armadilhas vaginais. E tudo envolve gozar dentro, e a gravidade ajuda na macetada, e teu corpo é poesia encharcada, e és porta do éden escancarada, e o que de ti sai é unção em mim ritualizada. Completa então ritual nosso, complexo emaranhado em destroços do que fomos.
Mas nada disso agora importa. Meu pau latente quase por completo na boca bate lá na garganta. E de repente, tua vontade é de lá ele tirar, mas me puxas mais pra perto,
pra sentir mais fundo ainda o meu cacete plenamente ereto. E eu sou aquilo tudo que disse acima, e sou deus ou aquilo tudo contigo por cima. Inesquecível cena de te ver cuspindo todo o líquido de teu esôfago em meu agora ainda mais duro caralho. Todas as veias pulsando em movimentos ciclicamente irrefreáveis. É incontestável. Imensurável sincronia sexual, conversa carnal metalinguística, pra logo depois eu meter a língua em todo teu ser. Tudo entre nossas paredes é o teu ser. E gemes. Lambuzo poro por poro, sentindo pelo por pelo, sem chegar a tocar. Não preciso tocar. Só preciso dos teus espasmos pra saber onde te beijar bem devagar. E és então outra repetição, rainha da melodia de imenso prazer.
Te vejo gozando em mim mais uma vez. Tu me chamas pelo nome tenramente, e minha mente me engana em mais outro talvez. Será que consigo te esperar? Vou superar essa fase sem toda a dor que carrego no cerne? Mas surge a tremedeira que arrebata todos meus sentidos, pedindo por mais orgasmo teu. Continuo passando então a língua de forma bem macia, sem força, só toque bem devagarinho. É nessa hora que tu empurra minha cabeça pra dentro de ti, como se eu fosse entrar inteiro no meio.
É inevitável.
Teu gosto ainda tá na minha alma. O cheiro impregnou em todas as minhas pupilas espalhadas no meu corpo como medida de proteção pra justamente não passar pelo o que passo agora.
Lembro de todas as vezes que te fiz gozar. Lembro de todos os apertos que deste no meu pau, prendendo pra não deixar sair. É foda. É dor não mais acordar todo dia respirando teus seios. Perfeitos seios que me entretém por horas, que brinco com o bico de todas as formas, sugando com as narinas, chupando forte, lambendo macio, no mesmo quase toco que faço na sua buceta. Poderia passar anos só chupando e beijando teu corpo sem reclamar. E de certo que tu gostaria. Mas não aguentaria e pediria meu pau mais uma vez dentro de ti. É foda. E quão foda é a nossa foda.
Mas não é mais assim. Todo dia agonia.Todo dia agonizo. Preciso fugir. Preciso me redimir e expressar o quão forte é o que tenho por ti, mesmo sendo quem não sou, mesmo pensando no que serás. E seremos de novo o que fomos, por cima da nossa casa entulhada de rancor.
É inevitável.
É a emergência do teu corpo.
É a iminência do teu toque.
É amor.
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