1/13/2015

Solicito permissão para fingir que não existo


não queira nem pisar
quanto mais, sentir o ar dos cubículos,
por dentro de suas divisórias,
no departamento mais negligenciado,
escondido por cem milhões de protocolos,
protegido por meia-duzia de homens engravatados,
com dez cães de guarda na ponta dos dedos.
mas, se mesmo sabendo disso tudo,
a gente convergir praquele banco na deodoro,
ah Marechal... se soubesses quantos mundos se chocam,
na porta do seu nome,
e se soubesses o que preciso saber,
se precisasses saber o que eu um dia soube,
ninguém estaria aqui.
não há ninguém aqui além dessas letras,
além do pombo que cagou na nossa estátua,
e dos destroços do departamento,
recém instaurado nessa praça,
na cabeceira do meu leito.

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