6/10/2013

estudo analítico da gravidade em vida

um...
a pedra cai
dois...
gira sem parar
três...
quica em cada degrau
quatro...
passa por cima do chinelo velho e mordido
cinco...
para no chão, no mesmo de sempre, voltar para o um. mas dessa vez a pedra sabe que irá cair, sabe que irá girar sem parar, que vai quicar degrau por degrau, que vai olhar para o chinelo velho e mordido com uma certa vontade de ficar nele, sem sair do quarto, talvez montar uma loja de antiguidades no subterrâneo de um prédio qualquer da cidade, ou se esconder no meio do mato rodeado de lunáticos que sabem do porquê. quica de volta, fugindo do chão, a pedra agora pensa, pensa enquanto gira, olha entre todos os ângulos da queda quase livre e repara, percebe que a liberdade nunca existe quando a força maior é a mesma do um, é a regra.
é a vida.

Um comentário:

mario disse...

um dia quando eu me tornar uma pedra, lembrarei dessa pedra-mestra que obteve liberdade e vida, portanto, eu herdarei a vida. sendo assim, esmagarei, quicarei, prensarei, triunfo de uma grande pedra viva.

 
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