4/06/2011

epopéia interior

I


prefiro morrer de tédio,
ver o sangue escorrer enquanto leio o livro,
que observar as estações do passado.

exijo saber do interminável,
do medo que criaste por mim,
o mesmo que atormenta os impulsos ocultados.

os pulsos cortados,
os tendões das esperança há muito dilacerados,
o resultado do amor-mentira planejado.


II


o que eu sei de mim
é que o frio me motiva,
o silêncio me anima,
a exatidão me apavora,
o sono é a morte,
o cheiro o vestígio,
os olhos a calma,

e tu, que nunca irá ler isso,
tu és o meu pesar.
é a farsa dentro da farsa,
é o receio de ser instinto,
é a verdade perdida em imensa certeza,
a tola menina mimada, sempre esquecida,
nunca achada, sempre chorando escondida.

colo com fita o sinal de paz,
a bandeira branca enfeitada,
dizendo: estão entregues os pontos,
desisto de ti,
já evaporaram as lágrimas derramadas.


III


NASCEU,
eu digo que nasceu.

nasceu o espírito,
a alma do supremo interior,
querido, amado, não-inventado,
sempre existiu,
aspecto deificado, mordo a orelha do teu coração,
e digo com muito carinho:
só te falta trocar o não pelo sim,
pra criar o amor enraizado em perdão.

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