10/23/2025
Esvasiamar
10/11/2023
Tetragramatron
Fogo cruzado por todos os lados. Numa guerra onde a munição é a soma das palavras escritas nesse pincel que precede o amor guardado que nos antecede:
Pois fogo rompe barreiras. Queima entre dimensões.
Num vídeo mal filmado, numa palavra solta, no eu-lirico de Resposta ao Tempo, na voz afinada dela, mesmo ela não querendo.
E as palavras saem. Foram feitas para isso, para sangrar, para declarar, para sentir tu sentindo lá do outro lado da nossa distancia. Nada é a toa. Tudo é regido. E em dizer o que sinto, o que preciso, sou nada mais que isso. Acólito da minha cabeça de falso semideus da baixada maranhense. E eu me entrego. Não posso fazer nada. Já basta de prender o que sou.
E ela bem aqui na minha frente. É aquela amálgama do que sou misturado ao meu contrario. E vi vários futuros em seus olhos. Mesmo no meio da guerra que deixou tudo destruído em mim. Só quero paz. Com ela vi paz em criar, vi paz em amar e construir, vi paz no ca0s, vi algo em mim nunca antes visto.
Espectador de mim mesmo e da beleza das coisas, me pego agente retumbante por querer estar rendido por aquela Deusa real. Sim, ela é da uma princesa da realeza, da mais alta casta da nobreza. Por isso essa guerra toda, esse bombardeio que reluta em me aceitar. Eu sou apenas um rapaz latino-americano sem dinheiro ou segredos no banco, meus parentes importantes não me reconhecem como um deles, mas tenho coração, tenho peito e sou carudo pra tomar de assalto o amor todo dela, mesmo que ela diga não. Veja bem, a estratégia aqui é ser de verdade. Ter a coragem de mudar por si, pra ver o outro feliz é o verdadeiro sentido de crescer. E pra gerar, precisa ser completo. Os dois precisam.
Ela me tomou todo o chão.
E me deu o céu no lugar.
Voar, vento, é paixão sem se preocupar.
A estratégia é essa.
É ser para contigo estar.
Sete anos que não couberam em três dias de entrega nossa.
Serei o ar que nos envolverá, e tu, minha princesa, será Rainha do meu futuro com coroa de pedras únicas, assim como o teu olhar.
8/27/2023
Fotosincrese
A Luz.
As estrelas ainda regem o cerne do nosso descaso infantil, que perdura até o sempre desde a última vez que a vi na caverna estreita e sinuosa da minha famigerada casa. Ela é perfeita. É aquário e sou todos os peixes nela mesmo sendo gêmeos.
A Luz.
Ela ressoa ainda dentro das minhas vontades de não estar apaixonado, mesmo estando inebriadamente cauteloso por não querer perder de vez o feixe estonteante do nosso convívio.
Andaluz.
Sou cão na constelação de Buñel semi-enforcado debaixo da torre Eiffel, surrealisticamente tentando não parecer fraco por já ter sido envenenado pelo retorno da tua presença, que invade os oito buracos da minha cabeça.
A
L
U
Z
.
.
.
Nem toda poesia já escrita consegue explicar o que me assola quando recebo de ti um pingo de desejo desdenhado, uma simples curva desenhada na imensidão da reta que poderíamos ter seguido. E teu corpo é esguio. É lacerante, latente querer sem precisar nem estar.
Foi meio que de relance e imensurável das últimas vezes que senti tua aura no mesmo lugar que eu estivera. Cada toque me transformava numa quimera sem sufixo, sem base alguma do que fazer.
Não sei que espécie de ser fantasioso me tornara, mas sei qual divindade és, qual mitologia roubaste para ti.
Sei que mistura seríamos: o toque do concreto volátil com o etéreo tátil, do impossível com o insubstituível prazer domado. Amizade carnal e entendimento visceral, raro privilégio humano, semiologicamente imperceptível, longe de qualquer cura ou doença já catalogada. Seríamos uma espécie de língua extinta, um extintor apaziguando uma chama fria. E tu me chamarias novamente para o eterno despertar.
Se não for assim, por onde andarei?
Lua.
Estrada crua,
Pararás no céu, impetuosa vontade nua?
Não vou parar. Vou deixar claro que sou eu quem vai te fazer superar todos esses anos de erros e tragédias pífias. Relacionamentos sangrentos, mortes prematuras, sangrias sem firmamento.
Não há paz sem ti.
Não há o mais,
Sem dividir,
Sem multiplicar,
Para nos subtrair.
Luz.
Seremos luz sem corrente elétrica.
Serpente hermética em tesa kundalini, círculo plasmático no nosso futuro inexistente leito, circuito somático de orgasmos secretos, seremos blindados, à prova de fardos.
Eu serei o alvo e tu os dardos, pronta para me furar.
E preciso que me fure, que me faça fraco, que me arranque o sacro para ritualizar.
Pois aqui estou.
Eu, falha pra quem de longe me vê.
Eu, erro pra quem perto me quis.
Eu, amigo, até tu desistir.
Até que me recolhas em ti.
Nessa prosa que nada rega…
Nesse tesão que não enxergas…
Nessa certeza que me negas…
Mas
A
L
U
Z…
A Luz não pesa. A ciência erra em definir. A Luz atravessa, rasga, dilacera, sangra, tinge, macula, machuca, cura, decepa, escalpela, pra depois cicatrizar. És Luz em mim, pra mim, e por ti, não canso de tentar. Por mim, não morro sem teu fôlego tirar.
8/19/2023
Esvai e Cimento
o que percorre o rosto,
acaba na boca,
o que exala o gosto, é fruto do ventre.
entre meus dedos,
por todos os dias,
entre em minha casa,
Que anda vazia.
lá havia felicidade,
incrustada na parede,
hoje é destroço,
A tal pirâmide do Tao,
liberdade em vão,
paz sem perdão,
querer sem poder,
amar sem saber,
por que aqui não estás?
Pelo o que és fugaz?
Eterno desentendimento
Escaravelho, que monólogo é esse?
Quanta areia cobriu teu tempo?
Poeta, onde irás?
Soterrado em desespero
Angústia,
Destruição,
Tanto faz!
Égide da égloga do último Baudelaire cirrótico
Filhote de pessoa sem um pingo de gente
Poeta,
É certo
És tu, teu satanás.
Nefasto adendo do apêndice sepulcral
Que mesmo incompetente,
És parte de todo ser senil
De todo mamífero que não te capou.
Poeta
Renúncia o que tu ama
Esquece tua rebeldia
Essa tal revelia que te camufla
Licença poética é meu pau!
Erros crassos,
Todos fracos,
Tolos com rasos sonhar gramatical!
E O CIMENTO TE COMPLETA
CINZA
VIVO SÓ ATÉ SECAR
E O CIMENTO É METÁFORA
ÍNGUA
MORTA POR ASSIM ESTAR
Mas me diz aí, ovacionado
Mestre letrado
Quem te ensinou a escrever?
Quem que tu amas e que nunca irá saber?
Qual teu ímpeto além de nas palavras te esconder?
A Grécia antiga que adiante te expurgue!
Porque de tu mesmo
Eu
Famigerado celerado facínora
Sicario eterno exilado
Eu
E meu simulacro emprestado do ex-cunhado
Ao menos uma soberba tese
Em meio a sentença-catequese
Se possível,
Pedra sobre Faedra,
Em mármore solto incólume,
Rima maldição em linha reta,
Escatitado por demais amar.
Enfim,
Poeta,
Irei te humilhar.
8/05/2023
6/13/2023
Batalha naval no deserto do Auto-amar
4/22/2023
Arco do Defunto
a inspiração nasce de qualquer falha ou brecha
surge e urge feito flecha
e no poema,
a inquietação é drástica fagulha que foge e morre secreta,
4/18/2023
Equidna e Argos
As estrelas são sinais luminosos do passado para o futuro, que tentam nos explicar as coisas sem dizer nada. Agem sem agir, gravitacionalmente nos colocando onde devemos estar. E lá estava eu, dobrando o canto da galáxia para encontrar uma das pessoas mais interessantes e intrigantes que conheci nas últimas décadas.
Por mais incongruente que me pareça, quando nos conhecemos, talvez tenha sido o mais estranho até então. Passamos por volta de 15 horas conversando, sem parar, sobre todo e qualquer assunto que nos viesse à cabeça. Fiquei impressionado porque há meses tentava conversar com quem quer que fosse, mas conversar mesmo, com profundidade e percebendo que a outra pessoa também estava ali, mesmo estando atrás de uma tela qualquer. Se eu for contar, até agora, acho que conversei mais com ela do que a soma da conversa de todos os namoros que já tive. Assumo, claro, que a culpa desse desleixo com as ex foram 90% de mim. Não preciso mais mentir.
E é nesse contexto que a encontrei. Seu nome era Equidna Dranea. E é nesse movimento que busquei ela na porta de casa, sem qualquer presunção, só querendo conversar com alguém que me entende e que admiro por vários fatores. Quando abro a porta do carro pra ela, vejo uma mudança repentina e que eu nunca imaginara em seus cabelos, quase me declaro sem nem estar apaixonado. Sou refém eterno da beleza feminina. Arauto-escravo exaltado dela. Enquanto dirigia rumo onde iriamos trocar ideias mil e beber para soltar o que tivesse que, em meio a bicos de piadas mal feitas e interpretações com inúmeros fios soltos, o riso de ambos ia aparecendo. Não consegui parar de olhar para os olhos dela em momento algum que ela falava, sentia mesmo que ela estava ali, por mais surpreendente que pudesse me parecer, mas agora entendo que todo o alinhamento surgiu pelas palavras trocadas. Pelos sinais no corpo dela. Pelos dias de conversa sincera que quase ninguém tem.
Dentro dos meus devaneios, nunca tive qualquer intenção até então de ser tão intenso no que tange vontades carnais. Sempre fui muito mais interessado nas palavras, nos toques sem tocar, no aprender das esotéricas e iniciáticas ideias em pleno século tecnológico, - justamente isso que me atraia mais e mais na medida em que íamos nos conhecendo - a presença dela entrava pelos oito buracos da minha cabeça, principalmente pelo terceiro olho. Sensor que tudo sente, órgão espiritual que mais recebia essa emanação da sua aura, miasma do campo magnético fluindo liquefeito direcionado a formar uma metafísica só nossa, sem pretensão alguma, existindo porque havia de existir.
Percebi que mulheres do signo de aquário têm esse poder sobre mim, mesmo que infimamente. É como se fosse uma benção maldita, quase todas são magicamente lindas, e se interessam por mim, criam algum tipo de afinidade sem nem eu me esforçar. Antes desse fato que narro, tive um” caso” com uma raposa de nove caudas, linda e deliciosamente entregue por uma noite, e eu também me entreguei. Em meio a ciúmes infundados e caos inebriante, dentro de conversas sobre futuros impossíveis juntos e sofrimentos passados, fui me percebendo mais carente do que eu queria ser. Serviu-me de experiência instrumentalizada, foi útil porém efêmero como amor de madrugada, como se eu fosse o protagonista de um filme de Scorsese. E escorreu pelos meus dedos do mesmo jeito que derramou na minha mão. Sumiu num acesso de justiça sem qualquer eira nem beira. Mas era melhor assim, sempre é melhor do jeito que é.
Depois disso, me vi isolado em mim, tentando administrar as energias que circulavam na minha casa, tentando me compreender como gente. Afinal, eu, no auge dos meus 37 anos, nunca tinha ficado solteiro por mais de 8 meses desde a primeira vez que namorei, aos 18. Não me conhecia, ouso dizer que nem um pedaço do que me entendo hoje. E meu coração sabia disso, mas não conseguia passar por cima de toda a carência que cultivei. Por isso, me impus o dever de não me envolver de alguma forma apaixonada com ninguém. É difícil, muito. Sou talvez a pessoa que mais depende emocionalmente dos outros que conheço. Falo isso com gosto e com bastante temperança, assumir-se é parte importantíssima no autoconhecimento. E me peguei nesse status quo em pleno desenvolvimento próprio, indo de encontro ao meu espírito há muito dormente. Veja bem, nossa realidade ocidental nunca se preocupou em ensinar o principal salto necessário para nos tornarmos seres humanos de fato, a percepção do “EU-SOU”, a limitroficidade do que nos forma e onde o outro começa. E ela, Dranea, me ajudou a sentir isso da forma mais natural possível: conversando de corpo e alma, sem barreiras ou asneiras predefinidas pelo ruído brancovomitado pela sociedade.
Passamos horas sentados num barzinho, nos conhecendo pouco a pouco, pois até então só havíamos nos visto umas 2 vezes, meio que de relance em rolês aleatórios. E caía uma chuva tão interminável que nos prendia em nós e fazia o sertanojo universitário do bar ser obliterado pelo barulho da água intermitente. Certeza era São Pedro junto com Iansã consagrando nosso primeiro encontro. E ela reluzia como um raio dentro dos meus olhos. A forma de explicar, o modo cautelosamente caótico e cirúrgico de se mover, de me olhar no fundo, sem precisar que eu me repetisse, me deixou confortavelmente presente em mim. Ela é tudo isso, não to falando nada a mais do que vi, apesar de ser um poeta menor.
Depois da chuva, a noite ainda parecia curta para tanta conversa. Resolvemos ir pra um posto, daqueles que os fritos e os bomba-trance se desfalecem até umazora. E mais papo, mais entregas, mais intimidades expostas, mais vontades de ficar mais juntos, mais decotes e mais olhares instigantes, à medida que o álcool nos tomava, pouco a pouco. E ainda sinto as palavras entrando pelos meus ouvidos, letra por letra, se formando concisas como tijolos que compõem um baldrame para se levantar uma parede - que não faz sombra em momento algum do dia - de um edifício chamado Persona. Senti muita vontade de me lançar e tentar um beijo, só pra ver o que acontecia, mas percebi que não era isso que de fato queria. Eu precisava mesmo era de me tornar vivo com ela, com a magia dos símbolos fonéticos, feitiços silábicos que levam qualquer sensibilista pra onde quer que se direcione.
Após muito insistir, consegui levar ela para minha caverna. Eu, sem intenção alguma de tentar algo que Dreana não quisesse, me fiz claro e sincero nos pedidos. Ela, dizendo que não queria chegar pela manhã em casa, finalmente viu que não era mais um “homo sapiens nihil modernivns” que propusera a cavernagem, viu que não sou daqueles que só pensam em transar a todo custo. Não sou isso e nunca fui, nunca vou ser. Ainda mais com alguém que me instigou de uma forma inédita.
Até hoje ela paira aqui em casa. A presença dela marcou todos os cantos da caverna, iluminou as sombras, arestas, limpou as hachuras como se fossem detalhes ínfimos, como se toda esquina escura das ruas no universo espalhado na minha cabeça não passassem de pequenos detalhes frugais sem qualquer complicação imediata ou futura, sem sentido algum. Todo movimento dela me chamava atenção, me sugava os neurônios já dopados, me exigiam tudo de mim. Ela é linda, e na minha casa então… Várias vezes pensei em ser um idota completo, de novo e de novo e de novo nessa vontade de me arriscar entre a amizade e o carnal: “-Mas por quê que a amizade não pode ter essa carne?” Pensava durante o que explanamos. “-Será que alguém já fez e deixou essa deusa realmente feliz? Levou café na cama e beijou o corpo inteiro dela, da ponta do dedão do pé até o fim do fio de cabelo mais comprido? Será que ela sabe o que eu posso fazer pela felicidade dela, pelo o que ela fez pra mim, pelo simples fato de ela ter sido quem é, sem mentir e sem esconder o que todo mundo esconderia? Será que eu, um reles ctônico decaído, consigo fazer a diva-mãe sentir todas as sensações que ela merece?
Não tenho essa certeza, mas se a musa do provável me tecer em meio as suas pernas, vou ser melhor do que já fui. Sou carinho inteiro e afeto eterno por onde toco, e por ela me faria completo desde o primeiro toque, pra logo depois ir embora, pra deixar tudo perfeito sem precisar de reparos”. Pensei nisso tudo, enquanto a entendia e recebia e logo deixei de lado.
E logo a deixei em casa, querendo não.
A mãe dos monstros, feiticeira-pesquisadora dos arquétipos interpessoais. E eu, um Argos que nada via, mesmo com meus 26 olhos, fui morto antes mesmo de tentar ser e deixar-la ser, enebriado e torpe pela magia de aquário.